O PPGEDAM realiza ações de ensino, pesquisa e extensão que apresentam resultados de impacto e repercutem em diferentes dimensões. Abaixo descreveremos resumidamente cinco projetos/ações:

Ação 1: Projeto “Social Water: social innovation in the water treatment sector in Amazon”

Descrição: Entre 2013 e 2017, o PPGEDAM coordenou em nível de Brasil o Projeto Água Social, projeto esse que teve conclusão formal e de financiamento, mas que continua até o momento apresentando resultados positivos e promovendo impactos para sociedade, além de continuidade de intercâmbios entre as instituições envolvidas.

O projeto envolve três universidades europeias: Universitá de Roma Tre (UNIROMA Tre), Leeds Metropolitan University, hoje Leeds Beckett University (LBU) e Univserdidad Autónoma de Barcelona (UAB). Entre 2013 e 2017 o mesmo foi financiado até 2017 por Marie Curie International Research Staff Exchange Scheme (IRSES) chamada: FP7- PEOPLE-2013-IRSES. Após 2017, cada país e universidade envolvida busca seus próprios recursos para a continuidade de determinadas ações. No Brasil, além do PPGEDAM/NUMA/UFPA que coordenou o projeto por via do Prof. Gilberto Rocha (participam do projeto ainda os Profs. Ronaldo Mendes e Mário Vasconcellos), envolveu a Universidade do Estado do Amazonas (UEMA) e o Instituto Nacional de Pesquisa na Amazônia (INPA). Em nível geral e de coordenação europeia, o Prof. Savatore Monni da Universidade Roma Tre foi o responsável. O projeto de cooperação e intercâmbio técnico e científico entre o Brasil e a União Europeia para estudos da relação entre água e sociedade tem como objeto central a busca de alternativas para o uso sustentável e para o abastecimento de água de populações vulneráveis. Dentre seus subtemas estão: Desenvolvimento socioeconômico e sustentável; Tecnologias de tratamento da água; Gestão e manejo dos recursos hídricos; Mudanças globais; Inovação tecnológica; e Poluição ambiental.

https://www.researchgate.net/project/AguaSociAL-Water-Related-Sciences-Social-Innovation

Impactos: 1) O projeto proporcionou o intercâmbio e mobilidade de docentes, alunos e técnicos de todas as instituições envolvidas e potencializou as relações internacionais. O PPGEDAM enviou para intercâmbio 3 professores, 5 alunos e 2 técnicos e recebeu 7 professores, 6 alunos, inclusive 1 de doutorado da UNIROMA Tre, que passou a ser coorientada pelo Prof. Gilberto Rocha. Além das trocas acadêmicas, todos os alunos envolvidos tiveram experiências vivenciais em organizações e comunidades. Em termos científicos, o projeto resultou em 2 artigos, 2 capítulos de livros e um livro coletânea que estava programado para ser lançado em 2020, mas que por conta da pandemia teve seu lançamento adiado para 2021. Ao todo, somente no âmbito do PPGEDAM, foram desenvolvidas 5 dissertações e proposições de trabalhos técnicos aplicáveis. 2) Em estreita relação com o Projeto Água Social, foi aperfeiçoada a tecnologia social coordenada pelo Prof. Ronaldo Mendes denominada “Aproveitamento de Água de Chuva”. Esta tecnologia social foi reconhecida pela Fundação Banco do Brasil (https://transforma.fbb.org.br/tecnologia-social/tecnologia-social-deaproveitamento-de-agua-de-chuva-na-amazonia) e passou a ser utilizada por parceiros locais do projeto (Cáritas Metropolitana, Fórum das Ilhas, IPAM) em comunidades rurais e ilhas de Belém. 3) O reconhecimento da Tecnologia Social de Aproveitamento de Água de Chuva possibilitou-lhe fazer parte do Plano Municipal de Saneamento Básico de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário do Município de Belém (http://www.belem.pa.gov.br/arbel/wp-content/uploads/2014/09/PMSB-Bel%C3%A9m-PA_Volume-II2.pdf). 4) Estudos realizados por dissertações e outros trabalhos de pesquisa no âmbito do PPGEDAM/NUMA sobre o uso da água e da gestão dos recursos hídricos em vários municípios que compõem a Bacia do Rio Marapanim foram utilizados por organizações sociais para discutir e propor a gestão da bacia ao órgão ambiental do estado do Pará. Em 3 de setembro de 2019, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará publicou o Decreto 288/19 de instituição do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Marapanim (https://agenciapara.com.br/noticia/14775). Trata-se da instalação do primeiro comitê de gestão de bacias do estado do Pará.

Destaque-se que, a partir de 2021, a continuidade do intercâmbio ocorrerá parcialmente financiado pelo Projeto AguaSociAL II – Cidades Sustentáveis para a Água, aprovado no âmbito do Edital Mobility Confap- Italy MCI 2019. Este projeto especificamente envolve em termos financeiros apenas o PPGEDAM/NUMAUFPA e a UNIROMA Tre. O objetivo desta versão é responder problemáticas relacionadas entre o uso da água e sua relação com as mudanças climáticas, tendo como áreas de estudo na Amazônia as cidades as cidades da zona costeira do estado do Pará e na Itália as zonas costeiras do Lazio, região e província.

Ação 2: Convênio PPGEDAM/NUMA/UFPA com a FAM (Faculdade Amazônia)

Descrição: O PPGEDAM foi convidado pela FAM para realizar uma turma especial para capacitar professores da faculdade e técnicos ambientais e da área de desenvolvimento que atuavam em nível de municípios da região do Baixo Tocantins. Destaque-se que o município de Abaetetuba, onde o curso se desenvolveu, é geograficamente constituído por 73 ilhas que caracterizam fortemente as populações que moram as beiras do rio Pará que se autodenominam “ribeirinhos”.

Impactos: 1) Embora a formação pós-graduada de técnicos e professores seja o objetivo de qualquer programa de pós-graduação, destaca-se o impacto em função da região (interior do estado) onde o curso ocorreu. Foram capacitados 18 alunos, sendo 10 de Abaetetuba, 2 de Concórdia do Pará, 2 de Igarapé-Miri, 2 de Limoeiro do Ajuru. Dentre o conjunto, 12 são professores de faculdade e 6 técnicos municipais; 2) A dissertação de mestrado da aluna Marly Sanches, sob orientação do Prof. Mário Vasconcellos e coorientação dos Profs. Rodolpho Bastos e Christian Nunes resultou em uma Nota Técnica com diretrizes para implantação de um Parque Natural no município de Concórdia do Pará. A dissertação foi uma demanda da secretaria municipal de meio ambiente de Concórdia do Pará que já destinou uma área para implantação do Parque. O município tem sua história marcada pelo desflorestamento e exploração madeireira que o caracteriza como uma das prioridades da Secretaria estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade para recuperação e preservação florestal. 3) Parte significativa da região do Baixo Tocantins é conformada por áreas de várzea que são terrenos férteis do fruto do açaí (Euterpe oleracea) nativo. Existem vários estudos que demonstram que a partir dos anos 90, por conta de financiamento ao agro extrativismo, a produção de açaí cresceu substancialmente e tem mudado a paisagem da região e modificado o processo produtivo. Por esse motivo, a pesquisa de Antônia Negrão, sob orientação da Prof. Rosana Maneschy e coorientação do Prof. Wagner Barbosa, desenvolveu trabalhos técnicos de relevância para preservação da cultura produtiva do açaí nativo do município de Abaetetuba. 4) Vários trabalhos desenvolvidos no âmbito das pesquisas do convênio PPGEDA/NUMA/UFPA e FAM resultaram em materiais didáticos e recomendações a serem utilizadas em escolas do ensino básico que vislumbram impactos potenciais. Dentre esses, destacamos: (a) cartilha informativa sobre animais silvestres em extinção e que se encontram a venda nas feiras da cidade e (b) jogo educativo sobre separação de resíduos sólidos aplicados à realidade de escolas ribeirinhas. Há, ainda, uma Nota Técnica para secretaria municipal de Educação para análise da usabilidade dos sistemas de abastecimento de água de chuva a serem implantados por meio do Programa “Cisternas nas Escolas” em comunidades das ilhas e várzeas de Abaetetuba. Se efetivamente adotada as recomendações, este impacto terá desdobramento em impactos na saúde infantil com diminuição de doenças de veiculação hídrica.

Ação 3: Projeto “Grande Projeto da Dendeicultura e seus impactos na Amazônia”

Descrição: Destaca-se a produção de pesquisa acerca do Grande Projeto da Dendeicultura e seus impactos na Amazônia. Esta pesquisa teve o financiamento do governo Federal por meio do Ministério de Desenvolvimento Agrário. Produziu além do relatório encaminhado ao governo com a finalidade de adequar a política pública da agricultura familiar e dendeicultura, inúmeros produtos técnico-científicos acadêmicos, como: artigos, dissertações; atividades de formação de agricultores e comunicação com gestores ambientais. A interação entre a Universidade e ministério demonstrou a integração de trabalho interinstitucional e intrainstitucional, pois permitiu a participação de vários docentes pesquisadores do PPGEDAM. Além disso, envolveu discentes em diferentes fases da pesquisa o que melhorou a capacidade técnica e científica dos mesmos. Houve um relevante impacto social na medida que colaborou com a gestão pública em nível nacional (MDA), municípios que receberam a pesquisa e seus resultados e o público da agricultura familiar rural. Os gestores públicos e as lideranças dos trabalhadores rurais poderão utilizar o conhecimento produzido para mitigar os impactos socioambientais da dendeicultura, mediar conflitos e monitorar a produção de palam de óleo de acordo com o estabelecido na política pública do Programa de Produção Sustentável de Óleo de Palma (PPSOP).

Impactos: Destaque-se: 1) o impacto educacional na medida que a disciplina ofertada no PPGEDAM denominada “Impactos Socioambientais de Grandes Projetos na Amazônia” trouxe o conteúdo da pesquisa em forma de processos ensino-aprendizagem, seja em sala de aula, seja por meio de visitas técnicas nos municípios produtores de palma de óleo, como Tailândia (Pa) e Tomé-Açú (Pa). 2) Em termos de impactos tecnológicos, destacam-se as informações geradas para o MDA reorientar práticas e tecnologias no manejo do dendê, em território amazônico, inclusive a possibilidade de Sistemas Agroflorestais em regime de consórcio com a cultura da palma de óleo. 3) O impacto econômico pode ser vislumbrado pelo poder de negociação ampliado dos agricultores familiares rurais em termos de crédito, assistência técnica e negociação de preços. Portanto, possibilitando a sustentabilidade financeira dos lotes da reforma agrária em território paraense. 4) O Impacto Sanitário pode ser percebido nos resultados da pesquisa acerca da contaminação dos recursos hídricos pelo uso de agrotóxico, podendo afetar a segurança alimentar e a saúde humana. 5) Em termos de impacto cultural, pode-se afirmar que a cultura da agricultura familiar está sofrendo profundas mudanças na organização do trabalho, nos hábitos alimentares, na interação rural-urbano. Entretanto, na medida que o conhecimento produzido pela pesquisa colaborou para analisar estas mudanças, pode representar formas de manutenção de valores também. 6) O impacto profissional pode ser visto em duas dimensões. A primeira para o público da agricultura familiar, com nova possibilidade de atuação profissional em termos de negociação e conhecimento de seu produto da terra. A segunda, pela formação de profissionais de graduação, especialistas, mestres e doutores com capacidade técnica e crítica para analisar e enfrentar os processos de mudança na agricultura integrada entre empresas de dendê e agricultores familiares rurais. 7) O impacto ambiental é apontado nos resultados da pesquisa, que envolvem questões como: a propriedade fundiária, as formas sustentáveis de produção, a correção no uso de agrotóxicos e uma nova relação contrato-trabalho com a produção familiar. Isto pode representar a sustentabilidade ambiental, econômica e social, na busca do desenvolvimento sustentável. Outros impactos podem ser obtidos com a continuidade da pesquisa e seus produtos, como aquele relacionado à publicação de um livro com os principais resultados, e uma série de encontros, seminários e debates acerca de seu conteúdo, que podem acontecer como atividades futuras, envolvendo o corpo de docentes e egressos do programa que se dedicaram à pesquisa. Novamente, integrando o ciclo ensino, pesquisa e extensão.

Ação 4: Projeto “Programa Amazônia em Questão”

Descrição: A atividade de extensão, denominada “Programa Amazônia em Questão” é um programa de rádio online com transmissão simultânea pelas redes sociais. Esta inciativa tem produzido excelentes resultados de informação, divulgação e comunicação dos temas socioambientais. O programa já realizou dezenas de entrevistas, com estudantes, egressos, pesquisadores de inúmeras IES e representantes da sociedade civil, informou sobre temas envolvendo resultados de pesquisa, projetos de extensão e serviços públicos, inclusive acerca da Pandemia da COVID 19. O elevado nível de acesso e curtidas na página @AmazoniaEmQuestao, além da audiência da Rádio Comunitária FM Cabana levou ao reconhecimento do Programa pela ABRACO - Associação Brasileira de Rádios Comunitárias como uma inciativa de relevância social. O processo envolve de forma inovadora ensino, pesquisa e extensão, com trabalho interdisciplinar e interinstitucional, o que melhorou o nível de resposta regional e nacional. O link para acesso ao programa está disponível em: https://www.facebook.com/AmazoniaEmQuestao

Impactos: 1) O impacto social da ação de extensão pode ser percebido no acesso das informações trazidas pelo programa, na participação de gestores públicos nas entrevistas e no compartilhamento de conhecimento produzido pelo Núcleo de Meio de Ambiente, PPGEDAM e de diversas Instituições de Ensino e Pesquisa. 2) Destaque-se o impacto educacional nos discentes e nos egressos do PPGEDAM, da UFPA e demais Universidades, além das entrevistas e debates com as lideranças sociais que permitiram a interação da linguagem acadêmica com a linguagem popular. 3) O impacto tecnológico deve-se ao domínio pelos docentes, discentes e técnicos envolvidos no projeto nas tecnologias da operação de rádio e nas plataformas sociais. 4) Em termos de impacto econômico, a avaliação é subjetiva na medida que os conteúdos compartilhados serviram tanto para fortalecer práticas de microcrédito, cooperativas e organizativas até a mudanças em termos de postura cidadã na cobrança de direitos e percepção de deveres. 5) O impacto cultural foi evidente. A cultura dos direitos, a troca de conhecimentos para a cidadania, o compartilhamento de leituras, livros, músicas serviram para diversificar a informação ambiental. A diversidade de participantes, entrevistas e conteúdos permitiram ampla participação de estudantes, professores, jovens, adultos e crianças. 6) O impacto ambiental está presente em todos os conteúdos levados ao ar: educação ambiental, práticas sustentáveis, respeito à diversidade, combate à desigualdade social, participação cidadã, cuidados com a saúde, etc. Outros impactos podem ser destacados como a participação efetiva de professores, técnicos da NUMA, estudantes e egressos.

Ação 5: Convênio PPGEDAM/NUMA/UFPA com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Amapá/AP

Descrição: O PPGEDAM foi procurado por representantes da SEMA/AP, com o intuito de contratação de uma turma especial para capacitar seus técnicos ambientais e de outros setores do governo estadual que também atuavam na gestão ambiental. O maior estímulo foi o compromisso em poder contribuir na formação de profissionais em nível de mestrado frente às carências técnicas dos gestores ambientais da região.

Impactos: 1) Mesmo que a formação pós-graduada de técnicos seja o objetivo de qualquer programa de pós-graduação, o impacto em função de o estado do Amapá ser um dos estados vizinho ao Pará, e com discrepâncias ainda maiores que nosso, é certamente positivo. Foram capacitados 17 alunos, divididos entre a Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Amapá, o Instituto do Meio Ambiente e de Ordenamento Territorial do Amapá (IMAP), Polícia Militar Ambiental, entre outros órgãos estaduais. 2) A dissertação de mestrado da aluna Cleane do Socorro da Silva Pinheiro, sob orientação do Prof. Dr. Ronaldo Lopes Rodrigues Mendes, resultou em uma Termo de Referência para o licenciamento de minério usado na construção civil do Estado, que até então não tinha ferramental técnico apropriado. A partir desta dissertação, o setor de licenciamento passa atuar de forma mais qualificada. 3) Vários técnicos que cursaram o mestrado por meio do convênio PPGEDA/NUMA/UFPA e SEMAS/AP, também eram professores de escolas estaduais, o que faz vislumbrar impactos nas escolas em que trabalham, e, em especial, na educação ambiental. À medida que a gestão ambiental do estado se aperfeiçoa, formando seus técnicos e gestores, a população deste estado é beneficiada, pois saem práticas duvidosas ou mesmo inadequadas e entram os protocolos técnicos-científicos no direcionamento das políticas. Assim, a população é a principal beneficiada pela consequente diminuição de danos ambientais.