Entre os dias 18 e 21 de setembro de 2024, membros do Grupo de Pesquisa Sociedade-Ambiente das Amazônias (GPSA-Amazônias) se dedicaram à realização de um conjunto de atividades nos municípios de Salvaterra e Soure, situados na Ilha do Marajó, Pará. Os pesquisadores dividiram-se em dois grupos, atuando simultaneamente, com foco em quatro principais pontos.

O primeiro deles foram as oficinas de retorno da Cartografia Participativa, que envolveram 17 comunidades quilombolas em Salvaterra e foram coordenadas pelo Professor Otávio do Canto, com o intuito de ajustar e validar as informações contidas nos mapas gerados nas primeiras oficinas. Os principais temas abordados nas oficinas foram os usos do território, os conflitos socioambientais existentes e a indicação de áreas onde houveram possíveis eventos climáticos extremos. No total, foram necessárias sete oficinas para que o total de comunidades fosse abrangido.

Outra atividade estabelecida como meta desta viagem foi a aplicação de protocolo de poluição costeira, realizada sob coordenação do Professor Norbert Fenzl, referente a um conjunto de procedimentos de coleta, triagem, pesagem e verificação da flutuabilidade de resíduos verificados em praias. As praias definidas para a aplicação desse protocolo foram: Praia Grande, Joanes e Água Boa, em Salvaterra; e Praia do Pesqueiro, em Soure.

A terceira atividade realizada foram entrevistas com pescadores em Salvaterra, no intuito de reunir parte dos etnoconhecimentos da atividade pesqueira. O rol de questionamentos abrangeu desde as técnicas utilizadas, até as possíveis interferências das mudanças climáticas sobre as modalidades de pesca. Para isso, foram entrevistados pescadores das localidades de Jubim, Joanes, Cururu, Água Boa, Monsarás e sede de Salvaterra.

Também foram realizadas entrevistas com foco nas perdas socioeconômicas com colaboradores de entidades relacionadas à pesca, agricultura e pecuária. Em Salvaterra, as entidades abrangidas foram: Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (ADEPARÁ), Associação do Pescadores e Agricultores, Colônia de pescadores, Associação Educativa Rural e Artesanal da Vila de Joanes (AERAJ) e Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuária e da Pesca (SEDAP). E em Soure, foram entrevistados outros colaboradores da SEDAP e ADEPARÁ.

As duas últimas atividades corresponderam às observações da erosão costeira e da pressão urbana sobre o ecossistema manguezal, com foco em Salvaterra.

Como resultado, foram gerados dados de suma importância ao Projeto “Desenvolvimento de Indicadores de riscos socioeconômicos e ambientais decorrentes dos impactos das mudanças climáticas, na zona costeira do estado do Pará”, que vem sendo executado desde 2023 sob a coordenação do Professor Norbert Fenzl e com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O projeto faz parte do grupo de pesquisa GPSA-Amazônias, vinculado ao Programa de Pós Graduação em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia (PPGEDAM) do Núcleo de Meio Ambiente da UFPA (NUMA/UFPA).